Love, 2011

Cartaz filme Love 2011

Enquanto no passado um soldado da Guerra de Secessão (travada entre 1861 e 1865 nos Estados Unidos) é deslocado de seu pelotão para investigar algo extraordinário, em um futuro próximo um astronauta, cumprindo missão solitária numa estação espacial, vê a terra silenciar, como que engolida por um apocalipse sombrio e enfrenta o terror de não ter como voltar para casa, e a sua mais que provável morte do gélido espaço.

Soldados de Guerra de Secessão norte-americana combatendo em campo de batalha fumacento.
A Morte na Guerra de Secessão (travada entre 1861 e 1865 nos Estados Unidos)

Love, do Diretor William Eubank (www.imdb.com/name/nm1827931/), não é filme para grande público acostumado a ver as bilhões de versões hollywoodianas da Jornada do Herói, de Campbell, de digestão mais universal. Este bicho aqui, creio, é filme “arte”, conceitual. Daqueles que exigem preencher lacunas participando da obra, conectando ideias com alguma criatividade. Então não há como fugir, e vamos direto a eles, os…

[Spoilers]

Soldado de Guerra de Secessão norte-americana sobre uma montanha olhando um vale.
Quando o Primata Descobre que Todo o Sangue Foi em Vão

Ciente da existência da humanidade e de sua extinção que se aproxima, uma supercivilização envia uma nave que colide com o solo norte-americano ainda lá na época da Guerra de Secessão, formando o que parece ser a Cratera de Barringer, no Arizona. O governo de então retira soldados da frente de batalha e os envia para investigar. Depois destes soldados, seguem para a cratera exércitos de trabalhadores que arrancam o artefato alienígena de lá, construindo enormes e temporárias estruturas para tirar o bicho da cratera.

Artefato alienígena enterrado no centro da na Cratera de Barringer.
O Início do Fim na Cratera de Barringer

Nas décadas seguintes a coisa é estudada por batalhões de cientistas e, por fim se compreende que a nave que caiu do céu é um tipo de Arca, mas não para preservar a genética humana/terrestre, e sim as memórias da humanidade, indicando que os alienígenas construtores do artefato valorizam mais as relações, memórias e sentimentos de uma espécie (o patrimônio espiritual dela) do que seus feitos materiais, ou talvez tenham recursos limitados e só possam mesmo construir estas arcas e enviá-las para servir de epitáfio para espécies que, infelizmente, não podem ser salvas, mas cuja história eles não podem deixar se apagar do Universo.

Estação espacial do filme Love 2011 orbitando um planeta Terra silencioso, vazio.
A Derradeira Obra Humana

Entendido isso (parece que) a humanidade deixa a máquina agir (ou não pode impedi-la, assim como parece não poder impedir seu próprio fim), oculta, desde o século 19, coletando as memórias dos seres viventes da Terra e entrando em órbita, como lápide mesmo, flutuando sobre um planeta morto.

O protagonista sentado olhando os computadores da estação espacial em órbita de  um planeta Terra que ficou silencioso de repente.
Um Último Tripulante da Terra (Interior Cilíndrico da Estação Espacial)

No entanto essa Arca encontra o último humano vivendo seus derradeiros dias na órbita terrestre, numa futura Estação Espacial Internacional onde este último homem jazia, entregue à própria sorte. Acolhendo o último astronauta, a Arca cria uma interface com este, fazendo-o vivenciar e passar por parte das memórias armazenadas (algum tipo de holograma palpável de corredores, elevadores, hotéis, lugares capturados das memórias do planeta abaixo), enquanto tenta prepará-lo, da melhor forma possível (de um ponto de vista alienígena) para a verdade de sua solitária existência e o inóspito ocaso da espécie humana.

Astronauta enlouquecido gritando com o rosto em close.
A Enlouquecedora Solidão

Por fim, o último homem, o derradeiro astronauta humano usa os escassos, mas poderosos recursos da Arca para alcançar os criadores do Artefato, que se apresentam a ele como um imenso holograma do Universo, e, no fim, entregam a ele a maior de todas as conexões humanas, pois arremessam sobre ele, numa explosão final, as “almas-memórias” de todos os habitantes da Terra, e o último Astronauta passa a ser todos os que viveram, e se conecta a eles pelo laço mais profundo e mais perene: o Amor.

[Fim dos Spoilers]

Love 2011 um astronauta perdido em órbita.
Um Pequeno Passo Para um Homem, o Derradeira da Humanidade

Cá entre nós, minha pouca, mas esclarecedora experiência romanesca (fui um jovem excessivamente tímido, quebrando a cara inúmeras vezes, mais do que eu gostaria, rsrs) me faz crer que este tipo de Amor Perene, sugerido, tem muito mais a ver com Amizade Verdadeira do que com Paixão. Agora o filme Love poderia ser um pouquinho (pelo menos) mais claro, menos “artístico”, a conclusão é interessante, mas o decorrer, para os menos viciados em sci-fi, pode ficar maçante.

Quintal da casa dos pais do diretor onde foi filmado Love 2011.
Curiosidade: o Exterior da Estação Espacial, no Quintal da Casa dos Pais do Diretor

Bem, foi assim que percebi Love, no entanto este tipo de filme admite mais de uma leitura, essa foi a minha, qual será a sua? Quer deixá-la aqui, depois de conferir o filme, nos comentários? Seria ótimo!

Por Wagner RMS.

Love, 2011
❤️ Espalhe nosso Amor por boas histórias! ❤️

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