Contos

Ipamoará, Onde o Destino Começa

1969. O asfalto da BR-101, a artéria que pulsava para fora do coração do Rio em direção ao sol nascente e ao sal do mar, era uma serpente negra e infinita sob a noite sem estrelas. Uma cicatriz de piche devorando os quilômetros que Mônica, de carona em carona, colocava entre si e o horror […]

O Protocolo de Desinfecção

1 – O Cinzel de Marcus Marte, 2258. A verdade, para Marcus Stone, era uma ferramenta. Como um cinzel, ela podia ser usada para esculpir a realidade, removendo as partes indesejadas até que a forma desejada emergisse da pedra bruta da percepção. E, naquele momento, a realidade que ele esculpia era a da traição. Ele […]

A Sala Escura

Ki (Introdução) Aruan não era um homem dado a conspirações, mas o escrutínio kafkiano ao qual a Marinha o submeteu parecia desproporcional à simplicidade da vaga. Ele era apenas um técnico de meia-idade, com mais dívidas do que futuro e um conhecimento obsoleto de sistemas que o mercado já começava a esquecer. Fora indicado por […]

A Última Canção da Serpente

Salvador, 1971 A cidade era um útero de sons e fúria. Mônica Deveraux, em uma de suas primeiras missões de campo para os Dragões Vermelhos, estava lá para observar os focos da contracultura que o regime tanto temia. Nos relatórios que havia lido, um nome se repetia com a insistência de um refrão psicodélico: Raul […]

A Primeira Fome

O universo regressou em fragmentos. Primeiro, a dor. Não a dor aguda e específica de um osso quebrado ou de pele queimada — ela conhecera ambas intimamente nas últimas horas, ou seriam dias? — mas uma dor nova, fundamental. Uma dor de dentro. Uma agonia que não vinha dos nervos, mas do próprio tecido da […]

Rolar para o topo